"Rir é o melhor remédio!"
Navegando pela internet, um pouco desligado, encontrei alguns sítios que falavam sobre os trabalhos de Kenneth Grant. Até que eu comecei a prestar um pouco mais de atenção em ler algumas críticas sobre seus escritos, que são normais, uma vez que Grant é uma das pouquíssimas pessoas pelo mundo que possuem a capacidade de balançar as estruturas internas de tanta gente e de uma maneira tão avassaladora que estas pessoas ficam realmente agressivas e travessas em seus pontos de vista, tanto aqui no Brasil quanto nos países Estrangeiros. Mas, eu devo confessar que fiquei "impressionado" com algumas opiniões...
É engraçado quando alguns ditos Thelemitas (na verdade thelemi(s)tas ortodoxos) se referem as Trilogias Tifonianas de Kenneth Grant. Eles dizem que os três primeiros livros de suas Trilogias são mais sensatos do que as outras duas Trilogias posteriores. Costumam dizer que Grant ficou preso na ilusão de extraterrestres, qliphoth, magia negra e etc... alguns até colocam que ele se tornou um Irmão Negro. Mas há uma explicação de o por que essas pessoas acreditarem nesses estranhos pontos de vista.
Primeiramente os três primeiros livros de Grant exprimem uma espécie de “revisionismo mágico” em cima do que Crowley e outros empregaram com a entrada de uma Nova Era. Seria um feixe de esclarecimento de novas perspectivas da Corrente 93 em várias de suas nuances, além de apresentar ao mundo um fantástico feiticeiro e artista chamado Austin Osman Spare. Mesmo com esclarecimentos que “transgridem” os pontos de vista dos thelemi(s)tas ortodoxos, eles ainda aceitam razoavelmente o contexto dos três primeiros livros, até porque Grant também esclarece alguns pontos da magia na historiografia das antigas tradições religiosas.
Todavia, as duas próximas Trilogias é onde Grant realmente elabora seu entendimento sobre o amplo campo obscuro da Magick, e para entender o que ele expressa, o Andarilho precisa de Iniciação, é necessário ao menos usar um dos aspectos (Sensibilidade) de sua Musa Urânia para compreender através de sua própria experiência o que ele transcreve em palavras vivas sobre as experiências dele no Caminho. Há um fio muito tênue que liga a sua experiência com a de Grant, mas é preciso Gnose para sustentar esse entendimento. Você percebe que a partir de suas experiências com os Túneis de Seth toda sua visão inicial se “transforma” abrindo para ele uma ampla e profunda perspectiva do que seja a Integralidade na Iniciação. É necessário que você integre suas sombras com sua luminosidade interior, é necessário tornar-se consciente do seu inconsciente que é alcançada através da Neutralização de suas Polaridades Primordiais. Devemos nos lembrar que somos partes de um todo, não existe "individualidade" onde há Unidade (imaginem supor sobre o NADA ou NÃO = 0?), mas para alcançar esta percepção é necessário integrar nossas partes perdidas dentro de nós. E como disse antes, a Iniciação é para poucos realmente. O ápice desse processo se dá quando ele publica The Ninth Arch, com o "Grimório da Aranha" conhecido como Liber XXIX (29) ou OKBISh, contudo se você brincar com o algarismo romano, neste caso XXIX torna-se XXXI (31), isso no faz lembrar de algo? Todo sistema de Grant está ali, e que vem alinhado com a sua Sabedoria de S´lba (pronuncia-se "Xilbá") ou a Doutrina do Nada-Ser publicado no primeiro Livro da Terceira Trilogia.
É impressionante observar o desenvolvimento de Grant durante suas Trilogias, ver a "junção de um todo" em apenas nove livros, sobre essa "junção", não falo apenas da sua obra literária que é magnífica, mas principalmente no que diz respeito aos planos interiores, para mim isso é um sintoma de genuína Iniciação.
Sob meu ponto de vista, Iniciação se transforma a todo instante levando o Andarilho a adaptabilidade das formas, não ossificando-as em meros pontos de vista intelectualóide ou em crenças arraigadas de um sistema, seja ele qual for. Iniciação não é para qualquer um, não está a prêmio, e não se pode barganhar com ela; a Iniciação é adaptabilidade, flexibilidade e movimento. Isso leva a expansão e estabilidade contínuas.
Contextualizando as Trilogias em Círculos Concêntricos de Entendimento, coloco aqui o principal motivo de as pessoas não conseguirem entender os escritos de Grant.
Bem, a primeira coisa, é observarmos que vários Iniciados dos tempos antigos escreveram em forma de Enéadas - ἐννεάς que significa um grupo que abrange nove deidades ou geralmente coisas sagradas, (Nove que eleva ao 10 transformando em Yod [Tetraktys - τετρακτύς] que é a Semente Oculta [de AChMOT como os Valentinianos chamavam Binah, AIMA & Nechamah] a qual está inserida no ATV IX; outra vez 9) conotando seu Deus Interno. Esse exemplo, me leva a mostrar com a inspiração das Musas um simples arranjo que deveria ser claro para alguns, como no caso das Trilogias de Grant:
Ordem ou Círculo Externo (Consciência em Assiah)
The Magical Revival;
Aleister Crowley and Hidden God;
Cults of the Shadow
Ordem ou Círculo Interno (Consciência em Yetzirah)
Nightside of the Eden;
Outside the Circles of Time;
Hecate's Foutain
Ordem ou Círculo Secreto (Conciência em Briah-Atziluth)
Outer Gateways;
Beyond the Mauve Zone;
The Ninth Arch
Para finalizar, cito um breve parágrafo de K. Von Eckhartshausen que reúne tudo que falei acima:
“Quando o serviço divino externo abandonava o serviço interno este decaía e Deus constatava, por uma série de notáveis circunstâncias, que a letra não pode subsistir sem o espírito e que é inútil e até rejeitada por Deus se abandona seu propósito” (Nuvem ante o santuário, Thoth Editora, 1990)
“Quando o serviço divino externo abandonava o serviço interno este decaía e Deus constatava, por uma série de notáveis circunstâncias, que a letra não pode subsistir sem o espírito e que é inútil e até rejeitada por Deus se abandona seu propósito” (Nuvem ante o santuário, Thoth Editora, 1990)
Texto de Cláudio César de Carvalho - 2012©
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